sábado, 10 de outubro de 2015

Agassu (Parte 2) Mama Africa



No berço da Mãe África
no meu lar eu me sinto,
sua natureza é empírica.
seu puro ar eu respiro.

A intensidade em mim
desperta um outro humano
pela metade oculto,
Alerta ao seu domínio

Mesmo assim, é certeza
Que a terra não tem dono.
Reside em mim o fardo
da tutela ao meu povo.

Terra alguma tem dono
por ser um organismo
vivo. Uma entidade
a mercê dos vivos

Mas toda a nossa tribo
está a ordens da terra.
Afastados do estribo
e em paz nessa nova era




Agradecimentos especiais a Ana Carolina S. Nicoli pelas fotos.

Modelo: Fabiano de Luna Fonseca (vulgo, este que vos digita)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Agassu (Parte 1) - "Wapenzi"



Como se fossem abortados pela África,
O chicote os molda para serem fiéis
aos donos e levados para a nova América,
Tendo sua alma vendida por contos de réis

Dias e noites se passam naquela senzala;
Levanta  cedo com o galo e pouco se come.
Trabalhando exaustiva e arduamente com a enxada.
Pausando apenas no momento em que o sol some.

Com o passar do tempo, o trabalho era mais pesado
Os canaviais não eram mais tão necessários
Quebravam muitas pedras, quebravam cascalho
A febre do ouro aos brancos havia chegado.

Somente o trabalho se comparava ao açoite,
Pois um escravo sem marcas era algo bem raro.
A chibata  acertava forte como um coice
Controlados com a passividade de um gado.

A mão feroz a qual o chicote obedecia,
Pelos negros secretamente amaldiçoado,
Com um sorriso no rosto aplicava tal sina
No gado que suplicava ao nome "Amado".

A coisa que mais amedrontava em Amado
jazia além da força que brandia seu chicote,
Tendo em vista que seu sangue era misturado,
pois a mão do mulato pesava mais forte.

Descarregava a ira que de sua mãe herdou
desde o parto. Chorava com infante repúdio
desde que se lembrava, em sua mente ecoou
Em sonos noturnos sua mãe berrava: 'Estupro!'

Agora Amado, filho de um preto maldito,
que sofreu o castigo no lugar do escravo,
que na pele, aprendeu a aplicar o suplício,
 o devolveria a qualquer africano ignavo.