quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Passividade



Com a aceitação negada pelos dois lados da moeda,
Nada me resta além de repudiar minha natureza.
E quando minha confiança é posta por terra,
minha mente perturbada vagueia rumo a incerteza.

E se aceitar o leite descendo pela minha garganta
que engoli em minha infância, dado por homens e cachorros?
 Já não basta a humilhação de não me levantar da cama,
Ainda tenho que suportar a desconfiança dos outros.

Já não tenho o combustível para enrijecer
Ou para conseguir cumprir com meu compromisso.
Poderia então passar a ser um mero chofer
Deixar de ser agressivo para ser apenas passivo.

Não seria nenhuma humilhação deitar de bruços,
Já que ao menos alguém teria alguma satisfação,
Focando apenas em meu semblante taciturno,
e quem sabe conseguir alguma distração?

Infelizmente não adianta me manter distante
do contato físico, já que ninguém enxerga
o meu empenho, mas sim o meu semblante,
o de um ser que pensa apenas com a verga.

Um último sacrifício em prol de quem amo
para evitar mal entendidos de terceiros,
Deixar de lado meus desejos humanos
E assim vejam que meus auxílios são sinceros.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Esquecer para ser




Com um forte conflito emocional
Repudio este corpo efêmero
pela ausência de desejo carnal,
Por enojar o meu próprio gênero

Sinto angústia apenas por idealizar
toda a biologia contida no sexo,
E preso em um filme de Almodóvar,
Caio em pensamentos sem nexo.

Por que somos tão primitivos?
Por mais que tente, não encontro o meu lugar
Por que somos tão agressivos?
Biologicamente construídos para o ato de violar.

Tento me desvencilhar dessas raízes
sexistas, que agrilhoam meus pensamentos
influenciando nas minhas diretrizes
que os despedaçam em inúmeros fragmentos.

São tantas as pressões comportamentais exercidas
pelos outros, que ser eu mesmo se torna impossível.
Ações que apenas a um gênero são permitidas,
Mas não entendo a sexualidade contida em algo intangível.

O pior é o desejo incontrolável de ser castrado
Por repudiar mil vezes o que realmente sou
Por não ter um comportamento tipicamente másculo,
Com um forte lado feminino que o masculino rejeitou.

Do lado feminino, sinto o medo e a tensão,
Pois mesmo que vá ao seu auxílio de forma altruísta
Sempre há a dúvida da minha verdadeira intenção,
E no final das contas ser um porco chauvinista.

Durante o ato, entendo quem sou e me rejeito.
Me enojo com a ideia de violar para me satisfazer,
Noto que sou o monstro que com todas as forças odeio,
Deixo meu instinto de lado e castro o meu prazer.

Em meu martírio, encontro de uma forma irônica,
Que há uma maneira de me aceitar e me entender.
Nessa dissonância, criar uma forma harmônica
De que preciso primeiramente me esquecer para ser.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Canal Pornográfico

Quanta pornografia você quer ver?                               
E Quantos cadáveres na sua tv?                                   

Ondas de rádio penetram em sua mente                       
Viciado praticante de onanismo                                       
Não percebe se permanece consciente                        
Sintomas causados por tantos vírus                               


(Quanta pornografia você quer ver?)                              
(E quantos cadáveres em sua tv?)                                  
Quanta pornografia está em você?                                 
Quantos cadáveres conhecem você?                             

Estagnado, jamais será um herói                                
Parasita consumista que destrói                                    
A sua vida, existência destrutiva                                      
Hipercloridria altamente corrosiva                                  

Fantasia psicótica em sua mente                                   
Compulsivo cego, sempre está doente
Se a pornografia for usada em você?                            
Corpo dolorido, sem nenhum prazer                                     
Sua poltrona. Seu tempo de voyeurismo                      
Consome dejetos, vive um fetichismo                            
E quando esse cadáver for você                                     
Só lhe restará então apodrecer                                       

Existência chamada de vida falsa                                   
Desperte logo, a vida é escassa                                    
Entenda que a sua vida é uma desgraça                         
Um cubo de cianureto num copo de cachaça                                    

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Couve Flor



A fêmea mal pode ser vista em seu habitat natural, uma casa abandonada com paredes escurecidas pelo mofo, fazendo uma cama improvisada com lixo e papelão. O cheiro de urina e fezes parece não incomodá-la tanto quanto o frio.A necessidade de sobrevivência parece sempre falar mais alto nesses casos.

Por sorte choveu bastante na última semana e a fêmea pôde lavar uma de suas duas mudas de roupa, esfregando-as no chão áspero, e sua calcinha, cujo cheiro azedo pode ser sentido à distância possivelmente foi o fator principal para atrair o macho para o local. Uma criatura que aparenta ter uns cinquenta anos, mas não deve passar dos trinta, pardo e com tufos  grisalhos, sujos e ressecados na cabeça e com inúmeros caroços nas partes calvas e no rosto, dando lhe uma aparência quase inumana, se não fossem seus olhos curiosos para a fêmea com barriga d'água que usava uma fralda usada no lugar da roupa de baixo.

O primeiro contato entre casais da mesma espécie sempre são interessantemente tensos. A aproximação, se não for cautelosa, pode resultar em agressões de ambas as partes. Fêmeas nessas condições tendem a se esconder atrás de entulhos e jogar objetos na direção dos invasores enquanto urram o mais alto possível para afugentá-los (ou ao menos para convocar o seu bando para que o invasor não tenha êxito em sua empreitada), um comportamento natural vista a desvantagem física e a propensão dos machos dessa espécie forçarem as fêmeas ao coito.

A criatura feminina, cantarolava de forma desafinada enquanto estendia sua roupa molhada e abatida em um varal improvisado feito de arame. próximo à um latão de metal com jornais e entulhos pegavam fogo em seu interior para aquecer o ambiente. Em resposta a fêmea, o invasor cantarolou junto. Uma abordagem diferente do habitual, mas que pode ter um êxito surpreendente, visto que algumas pesquisas revelam interações entre relações humanas e estímulo musical. A música sugestiona, projeta e permite a realização imaginária de desejos inconscientes, lembranças,
sentimentos hedonistas e comunicativos. Uma linguagem universal.
Linguagem essa que parece ter surtido algum efeito, a fêmea começou a cantarolar mais alto. O macho agora era um convidado. E como as boas maneiras são tão universais quanto a música, um convidado deve oferecer algo ao seu anfitrião. Nesse caso, uma garrafa de  água ardente.

O convidado bebeu um longo gole do líquido entorpecente. Trauteou cada vez mais alto e ofereceu o veneno ardido à sua pretendente. Regozijaram de forma ébria em uma espécie de ritual de acasalamento desajeitada.

A fêmea se dirigiu até o papelão e retirou sua frauda, mostrando uma virílha peluda e proeminente.com verrugas e feridas. O ébrio se aproximou de quatro, alcoolizou a vagina da sua parceira após entregá-la a garrafa e secou-a com sua boca desdentada. Não parecia se preocupar com as feridas, a sujeira, o gosto e cheiro azedo de urina ou mesmo com os oxiúros.

Aparentemente extasiada, ela se retorcia e gemia alto, enquanto bebia um longo trago da bebida amarga.Totalmente tomada pela embriagues e pela excitação, ela o jogou no amontoado de papelão e retirou sua bermuda suja, e rasgou a sacola plástica que o ser miserável usava como roupa de baixo. Um cheiro de podridão subiu a suas narinas, e um couve flor em formato fálico surgiu rijo, pulsante e pingando pus. Aparentemente desprovida de nojo, ela cuspiu sua dentadura frouxa e iniciou um processo de felação, não se importando com o gosto decomposto daquele couve flor.

A anfitriã se jogou no chão, demonstrando estar pronta para receber aquele pênis disforme dentro de si. e o sentira, cada caroço, cada centímetro, cada ferida.

Em um movimento progressivo, bombava enquanto urrava e ninguém saberia dizer se era por prazer ou dor que o fazia.

Ela apenas recebia o couve-flor dentro de si enquanto seus peitos flácidos e caídos imitavam um pêndulo.

Em um urro ainda maior, ele se interrompera e a puxara pelos cabelos. E gozou sobre ela um jato longo de uma solução de sêmem, sangue e pus sobre a face dela.

A fêmea adormeceu debilmente sob o papelão. Se coçando e roncando alto.

O macho pegou sua cachaça seguiu seu caminho. Mancando e cambaleando.