sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Agassu (Parte 1) - "Wapenzi"



Como se fossem abortados pela África,
O chicote os molda para serem fiéis
aos donos e levados para a nova América,
Tendo sua alma vendida por contos de réis

Dias e noites se passam naquela senzala;
Levanta  cedo com o galo e pouco se come.
Trabalhando exaustiva e arduamente com a enxada.
Pausando apenas no momento em que o sol some.

Com o passar do tempo, o trabalho era mais pesado
Os canaviais não eram mais tão necessários
Quebravam muitas pedras, quebravam cascalho
A febre do ouro aos brancos havia chegado.

Somente o trabalho se comparava ao açoite,
Pois um escravo sem marcas era algo bem raro.
A chibata  acertava forte como um coice
Controlados com a passividade de um gado.

A mão feroz a qual o chicote obedecia,
Pelos negros secretamente amaldiçoado,
Com um sorriso no rosto aplicava tal sina
No gado que suplicava ao nome "Amado".

A coisa que mais amedrontava em Amado
jazia além da força que brandia seu chicote,
Tendo em vista que seu sangue era misturado,
pois a mão do mulato pesava mais forte.

Descarregava a ira que de sua mãe herdou
desde o parto. Chorava com infante repúdio
desde que se lembrava, em sua mente ecoou
Em sonos noturnos sua mãe berrava: 'Estupro!'

Agora Amado, filho de um preto maldito,
que sofreu o castigo no lugar do escravo,
que na pele, aprendeu a aplicar o suplício,
 o devolveria a qualquer africano ignavo.

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